Hoje, Silencio as sementes corcundas Aradas na solidão deste meu tempo
Pela janela, Regresso ao sentir passar a vida No vôo equivocado de uma borboleta azul. Miro os caminhos transpassados Na vida de outras vidas Solitárias, apressadas E a escorrer, vidro afora O sangue da derrota Contrapartida.
Fecho os olhos E ainda miro meu exílio, Rebuscado e afoito A saltar do 14º andar. Janela dentro, Vida afora. Minha solidão esbarra, incontida, No chafariz da morte E a bailar os saltos desta sina, Janela adentro Meu exílio suplica.
Num arroto, Amordaço o vidro da discórdia E centro o eixo Da minha poesia Num grito arrebatado:
Deixem o vento Invadir minha morada!
Pela rua, Vidas suadas passam, Uma borboleta azul pousa, sangrando, Na corda pendurada do suicida. Dia seguinte, O jornal anuncia mais duas mortes na BR 101.
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Fátima Venutti -
Fátima Venutti
Hoje,
Silencio as sementes corcundas
Aradas na solidão deste meu tempo
Pela janela,
Regresso ao sentir passar a vida
No vôo equivocado de uma borboleta azul.
Miro os caminhos transpassados
Na vida de outras vidas
Solitárias, apressadas
E a escorrer, vidro afora
O sangue da derrota
Contrapartida.
Fecho os olhos
E ainda miro meu exílio,
Rebuscado e afoito
A saltar do 14º andar.
Janela dentro,
Vida afora.
Minha solidão esbarra,
incontida,
No chafariz da morte
E a bailar os saltos desta sina,
Janela adentro
Meu exílio suplica.
Num arroto,
Amordaço o vidro da discórdia
E centro o eixo
Da minha poesia
Num grito arrebatado:
Deixem o vento
Invadir minha morada!
Pela rua,
Vidas suadas passam,
Uma borboleta azul pousa, sangrando,
Na corda pendurada do suicida.
Dia seguinte,
O jornal anuncia
mais duas mortes na BR 101.